Uma dúvida muito comum nos investimentos de renda fixa é qual modalidade escolher: pré-fixado, pós-fixado ou indexado à inflação. É importante que o investidor tenha ciência dos riscos e variações que podem ocorrer no meio do caminho. Vamos ver em detalhes o que é cada modalidade, quais as suas vantagens e desvantagens. No final, apresento um exemplo prático de como fazer a sua escolha.
Pós-fixado
Nesta modalidade o valor final do investimento só será conhecido no vencimento da operação. No momento da aplicação, apenas o modo de remuneração é conhecido, mas não o valor final.
Exemplo simplificado: você empresta R$ 100 para um amigo e combina que ele devolverá o valor daqui a 1 ano, mas corrigido de acordo com a taxa básica de juros do país acumulada no período.
Escolha esta modalidade nas seguintes hipóteses:
a) Se você quiser apenas uma remuneração em linha com a variação da taxa básica de juros do país e não tem necessidade de saber agora exatamente qual será o valor final do seu investimento, como em aplicações de curto prazo; ou
b) Se você acredita que as taxas de juros subirão durante o período do investimento; ou
c) Se você acha que tem uma chance razoável de precisar dos recursos investidos no curto prazo ou antes do vencimento, como numa reserva de emergência.
A principal vantagem desta modalidade é que no caso de resgate antecipado não há a possibilidade de perda.
A desvantagem fica em relação ao retorno, que raramente será maior que as outras modalidades (pré-fixado e indexado à inflação) e só será conhecido no final da operação.
Pré-fixado
Nesta modalidade o valor final do investimento já é conhecido desde o momento da aplicação.
Exemplo simplificado: você empresta R$ 100 para um amigo e combina que ele devolverá R$ 150 daqui a 3 anos.
Escolha esta modalidade nas seguintes hipóteses:
a) Se você quiser saber o valor exato que receberá no vencimento do investimento, seja por não gostar da incerteza sobre qual o rendimento que será obtido, ou seja por precisar honrar compromissos naquele exato valor. Em geral são aplicações de médio prazo; ou
b) Se você acredita que as taxas de juros ficarão estáveis ou cairão durante o prazo do investimento. Dessa forma, o seu rendimento já está definido desde o início; ou
c) Se você não precisará dos recursos até o vencimento, como numa estratégia de investimentos mensais.
As vantagens dessa modalidade são a previsibilidade do valor de resgate e a possibilidade de ter retornos mais elevados que os investimentos pós-fixados.
A principal desvantagem está na falta de liquidez. O investimento normalmente até pode ser resgatado antecipadamente, mas nesse caso existe a possibilidade do rendimento ser menor que o inicial ou até mesmo negativo. (Explicarei o porquê em outro artigo)
Indexado à Inflação
Nesta modalidade, existe uma parte do investimento pré-fixada e uma parte pós-fixada, corrigida pela inflação. Assim, o valor final do investimento livre da inflação já é conhecido no momento da aplicação, mas o valor do investimento é protegido mensalmente da inflação.
Exemplo simplificado: você empresta R$ 100 a um amigo e combina que ele devolverá R$ 200 corrigidos pela inflação acumulada daqui a 10 anos.
As razões para investir nessa modalidade são muito parecidas com as razões para investir em investimentos pré-fixados, exceto que parte da remuneração pré-fixada é trocada pela correção do investimento pela inflação. Em geral, essa modalidade tem prazos de investimento mais longos e são orientados a investidores que precisarão dos recursos depois de muitos anos (ex.: aposentadoria, faculdade dos filhos ainda pequenos, etc).
A principal vantagem dos investimentos indexados à inflação é receber um rendimento pré-fixado livre da inflação, ou seja, o investidor tem um rendimento real, protegido contra surtos inflacionários.
A desvantagem é a mesma dos investimentos pré-fixados: no caso de resgates antecipados, existe a possibilidade do rendimento ser menor que o acordado inicialmente, podendo inclusive ter alguma perda. Assim, recomenda-se aos investidores que só faça investimentos nesta modalidade de recursos que não serão resgatados antecipadamente ou serão resgatados muitos anos após a aplicação inicial.
Como escolher?
A dúvida entre qual modalidade escolher continua? Analisando o texto acima, o pré-fixado se sobressai como a alternativa mais interessante para médio e longo prazo. No entanto, cada investidor, dependendo das suas necessidades, pode criar uma árvore de decisões própria. Apresento abaixo um exemplo de árvore de decisão bastante simples que costumo utilizar. Com apenas 3 perguntas, ajuda a definir a modalidade para cada aplicação nova em renda fixa:
1. Existe uma boa chance de precisar desses recursos em até 2 anos? (ex.: compra de carro, viagem, etc)
Sim –> Escolha pós-fixado. Caso contrário, vá para a próxima pergunta.
2. Existe uma boa chance de só precisar desses recursos após 10 anos? (ex.: aposentadoria, faculdade dos filhos pequenos, etc)
Sim –> Escolha indexado à inflação. Caso contrário, vá para a próxima pergunta.
3. Tenho bastante convicção que os juros básicos da economia subirão?
Sim –> Escolha pós-fixado. Caso contrário, realmente o investimento pré-fixado é o mais interessante.
Simples, não? Planejar é fundamental para ter os melhores resultados em seus investimentos. Lembro ainda que esses conceitos valem tanto para os títulos públicos do Tesouro Direto, como para CDB e outras aplicações de renda fixa. Em caso de duvidas, deixe o seu comentário abaixo!
Ulisses Nehmi é editor do Blog do Investidor e profissional da área de investimentos.
Uau! Muito esclarecedor.
Obrigada!