Benchmark: O desempenho está bom? Compare!

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Por mais que você não acompanhe futebol, sabe que todo brasileiro tem um quê de técnico. Frequentemente fazemos comparações sobre o desempenho dos jogadores de um time, quem está jogando bem e quem está jogando mal.

Pois bem, com a sua carteira de investimentos,  a situação é parecida, mas você é o técnico de fato.

Você tem poder para avaliar e trocar os “jogadores”, ou seja, escolher quais investimentos estão indo bem e quais precisam ser trocados.

Como determinar se um investimento está tendo um retorno satisfatório ou não?

Para isso, precisamos escolher um referencial de desempenho do investimento.

Já vimos que o rendimento da poupança pode ser utilizado como referência de retorno mínimo aceitável. Se esse é o “mínimo”, provavelmente é um retorno ruim ou fraco (e é!). E se queremos um bom retorno, talvez não seja interessante compararmos com algo ruim, mas sim com um bom desempenho, com um indicador de excelência. Esses indicadores de excelência são chamados de benchmark.

Aqui chamo a atenção para dois pontos essenciais para fazermos uma comparação justa, adequada. O primeiro é que devemos comparar coisas compatíveis: para cada tipo de investimento existe um tipo de benchmark (sim, vamos comparar goleiro com goleiro e atacante com atacante).

O segundo ponto lembra a discussão do Maximus x Modestus: o benchmark deve ter bom desempenho, um nível de excelência, mas isso não significa que ele seja o melhor desempenho possível.

Assim, é justamente ao comparar o retorno obtido com o benchmark que alguns fundos pagam taxa de performance, ou seja, quando o desempenho for muito bom, o investidor divide parte do seu lucro com o gestor como prêmio pelo seu trabalho.

Quais benchmarks utilizar?

Entre os benchmarks mais utilizados, dois são muito importantes: o CDI e o Ibovespa.

Diariamente os bancos com excesso de captação aplicam seus recursos excedentes em outros bancos de um dia para o outro. A taxa média dessas operações de baixíssimo risco é calculada diariamente pela CETIP e é chamada Taxa CDI. Grosso modo, se um grande banco captar recursos extras de correntistas (quando um cliente faz um CDB, por exemplo), terá que aplicar esses recursos excedentes no mercado interbancário, recebendo taxa CDI sobre esses recursos.

Assim, a menos que o investidor ofereça alguma condição bem mais vantajosa (invista um volume elevado e/ou se sujeite a carência, por exemplo), o banco pagará menos que 100% do CDI nessa aplicação e ficará com a diferença entre os juros.

Portanto podemos dizer que o CDI é um bom benchmark para aplicações de renda fixa e de baixo risco.

Já o Ibovespa é um índice que mede o desempenho médio das ações mais negociadas no Brasil e oficialmente calculado pela BM&FBovespa. Como ele é composto pelas ações mais negociadas, é como se fosse sempre uma seleção ideal do que o mercado considera as melhores e mais sólidas empresas no momento.

Some-se a isso detalhes técnicos como a ausência de custos e impostos no rebalanceamento, podemos dizer que o Ibovespa é um bom benchmark para investimentos em ações.

Existem muitos outros benchmarks, e os investidores mais sofisticados podem até mesmo criar os seus próprios, mas por enquanto vamos ficar por aqui.

Agora que você já conhece o conceito e os principais benchmarks brasileiros, já pode evoluir a sua habilidade de técnico de investimentos.

Ao avaliar as suas opções, você deve comparar o seu jogador (investimento) com o benchmark compatível, e assim tomar a decisão. Só não se esqueça de levar em conta um prazo razoável para avaliação dos investimentos. Um bom técnico não avalia um jogador com base em uma única partida!

Ulisses Nehmi é editor do Blog do Investidor e profissional da área de investimentos.

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15 COMMENTS

  1. Olá, excelente blog gostei muito.
    Tenho uma dúvida e gostaria de saber se você pode saná-la para mim.
    Gostaria de investir uma quantia de 100 reais por mês (pelo menos por enquanto), mas tenho duvidas, porque o dinheiro é para ser resgatado em longo prazo (12 anos), seria melhor investir em um CDI? Sendo esse o caso, Qual o banco mais vantajoso no momento? Ou se é melhor investir em uma previdência privada?

    Grato.

  2. Olá Ulisses , obrigado pelas resposta, mas tenho outra duvida usei o simulador da receita em dois casos.
    1- NTBN- principal de 12 anos e 3 meses, que pelo simulador deu o mesmo retorno (60 mil) com diferença de 37 reais a mais (mês) do que se eu investisse na poupança.

    2- LFT de 4 anos e 10 meses, e nesse caso eu conseguiria chegar no retorno (60 mil ) investindo 1037 reais mensais sendo q na poupança o valor era 875 reais mensais.

    Pelo que o observei o meu tipo de investimento de longo prazo é melhor investir em CDI ou em poupança do que no Tesouro Nacional pois tenho menos despesas e menos trabalho estou certo?

  3. […] Investir é a arte de comparar as alternativas disponíveis para o seu dinheiro. Por isso, sempre defendi que o cálculo da remuneração da poupança era complicado: 0,5% ao mês + TR, sem Imposto de Renda. Mesmo parecendo fácil, como se fazia para comparar isso com outra aplicação de renda fixa? Era uma tarefa hercúlea, cheio de depende disso, depende daquilo, etc. Fizemos até uma planilha pra ajudar, mas diante da complicação muita gente acabava preferindo concluir que a poupança devia ser melhor porque não tinha IR. […]

  4. Bom dia,tenho uma certa dificuldade para entender a relação de benchmark e meta atuarial com o retorno de um fundo.

    1.um fundo que é composto 100% de CDI como ele pode superar o benckmark?

    2. se um fundo em sua politica mistura no benckmark com algum indice + CDI como que conseguimos olhar a rentabilidade em relação a isso?

    você recomenda algum artigo ou livro que eu possa me aprofundar no assunto?
    Desde já agradeço.