No artigo anterior, citei alguns exemplos de razões para você não ser ou não estar a caminho de ser rico.
Muitas pessoas me enviaram e-mails, comentários ou conversaram comigo diretamente sobre o assunto, pois se identificaram com alguns itens.
Por este motivo resolvi escrever uma continuação. Existem inúmeras outras dicas, umas mais, outras menos importantes.
Seguem mais alguns exemplos:
- Você tenta ficar rico da noite para o dia
Você não vai ganhar na loteria, nem vai ter aquela “dica quentíssima” sobre a ação do momento, ou vai aproveitar aquela oportunidade “mágica” para ganhar muito dinheiro sem risco.
Desconfie sempre, pois estas coisas não existem.
Lembre-se de que este desejo de enriquecer rapidamente não deve nunca influenciar sua forma de investir, pois ele só tende a trazer resultados ruins.
- Você acredita em tudo que lê ou que lhe falam
Não confie 100% nos palpites que ouvir. Com certeza há exceções, mas um gerente de banco, um corretor ou um vendedor, por exemplo, podem estar muito mais preocupados em atingir suas metas do que em beneficiá-lo com uma boa sugestão de investimento.
Raciocine sobre qualquer tipo de dica, mesmo de um grande amigo com a melhor das intenções, pois nem sempre o que funcionou para alguém funcionará para você.
A internet, grande provedora de informações, deve ser sempre (e apenas) uma fonte enriquecedora de conhecimento. Utilize-a corretamente.
- Você investe em coisas que não entende
Quando você está doente, você procura um médico. Quando você quer aprender, você procura um professor. Quando você vai decorar sua casa, você chama um decorador/arquiteto. E quando você quer investir, o que você faz?
Você pode se autodiagnosticar, ser autodidata e ter bom gosto para decoração, mas se esta não é a sua especialidade, há de reconhecer que muito provavelmente um profissional fará este serviço melhor que você, por mais que você não concorde com todas as decisões dele.
Em relação a investimentos o raciocínio é o mesmo: você pode até ser bem informado, mas há profissionais especializados na gestão e alocação de recursos.
- Você dá mais valor ao custo do que ao resultado
Você se preocupa com migalhas e não com os grandes resultados. Já ouviu a expressão “o barato sai caro”? O “fazer você mesmo” pode sair mais barato em termos de custos, mas muitas vezes sai mais caro em termos de resultado.
Raciocine sobre o binômio “fazer” x “pagar para alguém fazer” pensando no resultado, e não somente no custo. Seja humilde neste raciocínio.
- Você pula de galho em galho
Se você está constantemente mudando os seus investimentos, talvez esteja deixando dinheiro na mesa. Tenha paciência, todo investimento possui um período de maturação.
Além disso, há sempre tarifas de corretagem, alíquotas de imposto de renda regressivas e outros benefícios para investidores de longo prazo.
- Você é financeiramente medroso
Você está com tanto medo de arriscar que mantém todo o seu dinheiro debaixo do colchão ou em uma conta-poupança segura. O problema é que, ao contabilizar a inflação, você percebe que está perdendo dinheiro.
Risco não é necessariamente algo ruim, desde que você tenha ciência dele.
- Você não dá importância para suas finanças
Você acha que ao ganhar dinheiro suficiente, suas despesas vão se equilibrar e automaticamente você vai juntar mais dinheiro. Infelizmente ganhar mais não é suficiente, é necessário um planejamento para se enriquecer.
Lembre-se do maior ensinamento do livro “Pai Rico Pai Pobre”, e deixe o dinheiro trabalhar por você. O dinheiro é carente: se você não cuidar dele, provavelmente você vai perdê-lo para quem cuida.
Vitor Nagata é editor do Blog do Investidor e profissional da área de investimentos.
[…] a segunda parte deste artigo aqui. Tweet Post anteriorPróximo […]
Em relação a se preocupar com “migalhas”, um exemplo é quando você se nega a aplicar num fundo de investimento por causa das taxas de administração e de performance pagas ao gestor, mas esquece que, ao operar por conta própria, pode perder mais dinheiro em virtude de outros fatores, como sua inexperiência, ansiedade etc.
É verdade, muito bem colocado. Além disso, tanto em fundos de investimento como em outros casos, o investidor tem que olhar o resultado e os riscos. É muito comum ver pessoas que estão mais preocupadas com o quanto os outros vão ganhar do que com o benefício que ele vai ter.
No 6º Congresso de Fundos de Investimento da Anbima, em mai/11, vi uma discussão interessante da Mara Luquet com o Walter Longo em um dos painéis:
– A Mara Luquet, jornalista, argumentava que os fundos cobram taxas altíssimas, que é um absurdo.
Ela se colocou mal ao generalizar fundos, mas não estaria totalmente errado se pegarmos alguns fundos de renda fixa de grandes bancos.
– Por outro lado, o Walter Longo, marketeiro e investidor, colocou muito bem que antes criar alarde por criar sobre taxas, é importante observar o resultado que está sendo entregue e quais as perspectivas do mesmo.
A situação é exatamente essa que você pontuou…
Abs
Concordo plenamente com o que disse.
“O barato sai caro”
Ótimo post.
Realmente muitos de nós buscamos as soluções mais rápidas.
Posso auxiliar os interessados em investimentos em mercados de capitais no exterior (fora do Brasil).
Estarei à disposição em: http://marcellodundi.com
Não gosto muito dessa expressão do “Pai Rico, Pai Pobre” de “deixar o dinheiro trabalhar para você”. É que dá a impressão de que os juros pagos pelo montante investido vêm do nada, como por mágica, o que não existe. Na poupança, por exemplo, os rendimentos vem de endividados que têm que trabalhar duro para pagar os juros de empréstimos, os quais são muito mais altos do que os valores pagos na poupança pelos bancos. Seria mais honesto dizer “deixe outras pessoas trabalharem por você”.
Prigui,
Então que tal suprimir a referência a “você”?
“Ponha o seu capital para trabalhar!”
Abs
Não resolve muito porque o capital também não trabalha. Pessoas trabalham. A idéia é que, se o investidor está conseguindo algum rendimento sem esforço, é porque tem alguém trabalhando por ele. Não é por isso que se vai deixar de investir, pois para viver no sistema atual é necessária certa flexibilidade moral. Mas é legal ter a consciência sobre de onde realmente vêm os rendimentos.
Entendi a sua reflexão, interessante.
Vc está levando pro lado moral, supondo que o crédito vai sempre 100% para uma pessoa física inocente que tem que trabalhar para pagar essa dívida… e vc ganha com isso, “sem trabalhar”, enquanto alguém coitado está suando.
Mas não concordo.
Dá pra entrar numas discussões sem fim sobre isso, mas vamos introduzir o elemento que está faltando nessa discussão: RISCO.
O investidor é remunerado por um risco que está correndo. Nenhum exemplo é melhor do que na bolsa, com ações: ele investe numa empresa, possibilita sua operação, e ainda compartilha dos ganhos.
Quando falamos de dívida é um pouco diferente. Se pensarmos nas empresas, elas não se endividam “sem querer”. Se for esse o caso, é resultado de má gestão, ou por decisão da direção da mesma de tomar mais risco. Empresas podem se endividar, dentro de certos volumes, para tornar suas operações mais rentáveis. Está tomando risco. E nesse caso o investidor, mero credor, não participa dos lucros. Por isso deve ser remunerado pelo risco da operação da empresa não dar certo e ficar sem o seu capital.
No limite, não vejo nem porque entrar com questões morais nessa discussão…
A questão que levantei é mais sobre a transparência da expressão mencionada do que de moral. Não quis dizer que os trabalhadores são os coitados da história, seria uma generalização injusta, nada impede que, por exemplo, um trabalhador seja um psicopata, enquanto o investidor alguém que use os rendimentos obtidos para enviar comida aos famintos da África. Realmente, entrar na discussão de moralidade sairia muito do escopo do blog, além de dar muito “pano pra manga”. Quis apenas desmistificar a impressão de que os rendimentos vêm do dinheiro, como se tudo fosse um jogo. O valor do dinheiro vem dos bens e serviços que se pode obter com ele. Se alguém ganha dinheiro sem gerar algum bem ou serviço para a sociedade, outro alguém teve que gerar por ele. Não vou me estender mais pois a discussão está fugindo do escopo. Mas se alguém se interessar pelo assunto recomendo os documentários Money as Debt e The Money Fix.
Fantástico artigo!
Sorry for writing in English!!Regarding the issue of buy to lets,In the UK there is more setuciry for the Landlord.All tenants are thoroughly referenced and checked for debts etc by specialist companies.Rental Income protection is also available, in fact no landlord in the UK will let their property without it.Do you think this facility should be available in Portugal and will it encourage investors to the buy to let market
”Você dá mais valor ao custo do que ao resultado” nesse quesito mudei totalmente meu pensamento. Economizar em algumas coisas simplesmente não compensa por mais difícil que possa ser acreditar nisso.
Abraços,
Gustavo Woltmann